Numa manobra estratégica de mercado, a Nvidia revelou a RTX 4090D – uma iteração ligeiramente menos potente da sua GPU RTX 4090 de alto desempenho – especificamente para o mercado chinês. Este movimento responde diretamente aos esforços do governo dos EUA para prejudicar o mercado tecnológico chinês, restringindo as exportações de bens e serviços avançados de fornecedores americanos no meio da escalada das tensões geopolíticas.
No centro da nova regulamentação? Um desejo de impedir os esforços chineses para alcançar o domínio da tecnologia de inteligência artificial.
A recém-revelada RTX 4090D possui 14.592 núcleos de processamento CUDA, em comparação com os 16.384 da RTX 4090 padrão. Também tem um consumo de energia ligeiramente inferior, com 425W em vez de 450W. Como resultado, a 4090D é apenas 5% menos potente do que a original, mas ainda consegue respeitar o limite de velocidade de 4.800 TOPS (triliões de operações por segundo) estabelecido pelos Estados Unidos como o mais rápido que o hardware americano pode atingir e ainda ser vendido na China.
Além disso, as novas GPUs não suportam overclocking, pelo que (pelo menos no papel) não há forma de as ajustar para as tornar mais potentes.
Fonte: MEGAsizeGPU
O lançamento da 4090D surge depois de os EUA terem adicionado a emblemática GPU para jogos RTX 4090 à sua lista de exportações proibidas para a China em outubro.
“A GeForce RTX 4090D foi concebida para cumprir totalmente os controlos de exportação do governo dos EUA”, afirmou um porta-voz da Nvidia num e-mail enviado ao The Verge, referindo que a Nvidia “colaborou extensivamente com o governo dos EUA” durante o desenvolvimento.
Os EUA têm sido cada vez mais rigorosos em proibir a exportação de aceleradores avançados de IA e outros chips de alto desempenho para a China. A secretária de Comércio, Gina Raimondo, alertou recentemente os fabricantes de chips sobre as tentativas de contornar essas sanções, afirmando no Fórum de Defesa Nacional Reagan que “se você redesenhar um chip em torno de uma linha de corte específica que permite que eles façam IA, vou controlá-lo no dia seguinte.”
Este aviso parecia ter como objetivo os esforços da Nvidia para fazer exatamente isso – desenvolver chips compatíveis depois de os seus produtos existentes terem sido proibidos. Por exemplo, quando os EUA proibiram as exportações dos aceleradores de IA H100 e A100 da Nvidia em agosto, a empresa lançou o A800 para a China em novembro – um chip essencialmente idêntico ao A100, mas com uma largura de banda de interligação reduzida.
“Eu sei que há CEOs de empresas de chips nesta audiência que ficaram um pouco irritados comigo quando eu fiz isso porque você está perdendo receita”, disse Raimondo. “É assim a vida. Proteger nossa segurança nacional é mais importante do que receita de curto prazo.
O lançamento do RTX 4090D representa a última tentativa da Nvidia de cumprir as sanções dos EUA enquanto ainda atende clientes na China, um de seus principais mercados. Com seus núcleos tensores reduzidos e menor consumo de energia, o 4090D parece cuidadosamente elaborado para evitar cruzar as linhas vermelhas do governo dos EUA no apoio ao desenvolvimento avançado de IA na China, mas ainda é poderoso o suficiente para ter um bom desempenho em jogos e até mesmo no treinamento de IA, se configurado corretamente.
As empresas chinesas têm estado a preparar-se para enfrentar as sanções dos Estados Unidos. Alguns dos gigantes tecnológicos mais importantes da China – como Baidu, ByteDance, Tencent e Alibaba – adquiriram até US$ 5 bilhões em hardware da Nvidia pouco antes das ações de Raimondo – um movimento replicado por empresas menores.
No entanto, como indicam os avisos da secretária Raimondo, os EUA provavelmente continuarão monitorando e restringindo quaisquer produtos Nvidia que possam potencialmente permitir a aceleração da IA. Apesar desta delicada dança em torno das exportações de tecnologias emergentes entre as duas superpotências, os entusiastas podem, pelo menos, correr os seus jogos de PC em configurações máximas.
