Após semanas de dificuldades e rumores, agora está feito: a empresa Celsius declara falência. E isto, mesmo que tivesse conseguido saldar as suas dívidas em moedas de moeda estável. Damos uma olhada no que isto significa para a empresa e para os seus clientes.
As dificuldades da Celsius resultam em bancarrota
Os problemas do Célsius tinham começado em meados de Junho: a plataforma anunciou que suspendia as retiradas e transferências de moeda criptográfica, enviando ondas de choque através do ecossistema. Os rumores de incumprimento já se vinham espalhando desde o início do mês, com várias pessoas a apontar o dedo à má gestão de fundos.
Celsius brincou com o fogo oferecendo aos seus utilizadores retornos muito elevados: para os honrar, utilizou os seus fundos em criadores de mercado autónomos. Além disso, a exposição de Celsius ao símbolo de stEH, que caiu do seu valor de 1 ETH, acrescentou combustível ao fogo.
Nas últimas semanas, porém, Celsius tinha começado a pagar aos seus credores. No início desta semana, por exemplo, a plataforma pagou 20 milhões de dólares em USDC à Aave. No início do mês, o Maker recebeu 41 milhões de dólares em DAI. Na quarta-feira, foi noticiado que a plataforma tinha conseguido pagar todas as suas dívidas em moeda estável:
Celsius anteriormente tinham a maior parte da sua dívida na cadeia (DeFi) através destas 3 posições (Maker wBTC Vault, Compound, e Aave).
A sua dívida Maker & Compound foi reduzida para $0, e ainda devem ~$70k de REN na sua posição Aave. pic.twitter.com/ipZGer2CuM
– Josh (@CryptoWorldJosh) W 13 de Julho de 2022
Mas e os utilizadores? Estavam preocupados que os seus fundos fossem utilizados para salvar os Celsius, e não para os compensar. Os levantamentos ainda estão actualmente bloqueados. Daí a reacção negativa quando Celsius anunciou que declarava falência ontem à noite
Futuro da Celsius em questão
Tal como a Voyager Digital na semana passada, a Celsius está a passar por uma “reorganização financeira” voluntária. Em termos práticos, isto significa que a empresa está a requerer a falência num tribunal de jurisdição competente, a fim de maximizar a recuperação dos fundos.
No seu comunicado de imprensa, Celsius faz referência a uma decisão “difícil mas necessária” e volta à suspensão dos levantamentos. A prioridade, dizia, teria sido tratar os seus clientes da mesma forma:
A aceleração dos levantamentos teria permitido que alguns clientes – os primeiros a chegar – fossem pagos na totalidade, deixando outros à espera.
Celsius nota que tem 167 milhões de dólares em liquidez, o que lhe permitirá continuar a apoiar operações durante este processo de falência. Os trabalhadores continuarão a ser pagos. Pela sua parte, Alex Mashinsky, co-fundador e CEO da Celsius, foi tranquilizador:
Esta é a decisão certa para a nossa comunidade e para a nossa empresa. Temos uma equipa forte e experiente que irá guiar Celsius ao longo deste processo. Estou certo de que quando olharmos para trás […] olharemos para trás como um momento determinante, um momento em que agimos com determinação e confiança para servir a comunidade e reforçar o futuro da empresa “
Palavras optimistas, mas provavelmente não o suficiente para apaziguar os utilizadores Celsius, cujos fundos estão agora congelados há semanas. Esta queda de um gigante emprestador mostra a extensão da crise que o ecossistema está a atravessar neste momento.
