O Writers Guild of America chegou a um acordo provisório com a Alliance of Motion Picture and Television Producers após uma greve de 146 dias que paralisou Hollywood, anunciou o sindicato no domingo à noite.
O acordo provisório de três anos põe fim a uma das greves mais longas da história do sindicato e surge após uma maratona de negociações entre o WGA e a AMPTP durante o fim de semana, segundo o Los Angeles Times. O acordo ainda precisa de ser ratificado pelos 11.500 membros do WGA.
O WGA e a AMPTP chegaram a um acordo provisório. Isto foi possível graças à solidariedade duradoura dos membros do WGA e ao apoio extraordinário dos nossos irmãos sindicalistas que estiveram connosco durante mais de 146 dias. Mais pormenores serão divulgados após a finalização da linguagem do contrato. WGAStrike pic.twitter.com/GBg2wZBwGB
– Writers Guild of America West (@WGAWest) 25 de setembro de 2023
De acordo com o The Hollywood Reporter, a paralisação do trabalho foi uma resposta às preocupações de que as temporadas mais curtas de televisão e o aumento do streaming tenham reduzido a remuneração dos argumentistas. Por exemplo, os programas de streaming têm muitas vezes menos episódios por temporada do que os programas de televisão em rede.
A greve teve um impacto imediato nas filmagens em Los Angeles, que diminuíram 29% no segundo trimestre em comparação com o ano passado, de acordo com dados da organização sem fins lucrativos FilmLA.
À medida que a paralisação se arrastava, muitos trabalhadores de Hollywood enfrentavam dificuldades financeiras. Alguns membros da equipa mudaram-se para fora do estado, arriscaram-se a perder a cobertura de saúde ou lutaram para pagar as suas contas sem um trabalho estável no estúdio, informou a Variety.
Os estúdios também sentiram a pressão do aumento dos custos e dos atrasos nos lançamentos. Por exemplo, a Netflix adiou a nova temporada do seu megahit Stranger Things, enquanto outros grandes projectos, como a sequela de Blade da Marvel, continuaram parados.
De acordo com a declaração do WGA, a “solidariedade duradoura” dos membros do sindicato proporcionou uma vantagem após meses de conversações infrutíferas para chegar a um acordo que os estúdios esperam que reinicie a produção.
Os estúdios foram representados nas negociações pela AMPTP, que inclui gigantes do entretenimento como a Netflix, a Disney, a Warner Bros, a Discovery, a Sony e a Amazon.
Agora, as atenções estão viradas para a próxima votação de ratificação do acordo pelo WGA. O comité de negociação afirmou que fornecerá pormenores completos sobre o acordo antes da votação dos membros.
A greve continua em vigor até à conclusão desse processo. Mas a presidente da AMPTP, Carol Lombardini, deverá agora concentrar-se nas negociações com o Screen Actors Guild, que está em greve desde meados de julho.
O regresso dos actores aos cenários é fundamental para os estúdios que esperam retomar a produção de filmes e programas afectados pelas duas greves.
Mas o SAG-AFTRA tem-se mostrado solidário com o WGA e, provavelmente, irá observar atentamente a reação dos argumentistas ao acordo antes de dar o próximo passo. Entretanto, o WGA encorajou os seus membros a “juntarem-se aos piquetes do SAG-AFTRA esta semana”.
A indústria do entretenimento dará um suspiro coletivo de alívio se os escritores ratificarem o seu contrato e os actores seguirem o exemplo. Mas depois de meses de salários perdidos e atrasos na produção, o reinício do motor criativo em Hollywood não acontecerá de um dia para o outro.
