E se os seus pagamentos quotidianos pudessem servir uma causa que lhe interessa? É esta a aposta da startup franco-suíça Retreeb e da sua aplicação de pagamento responsável. Analisamos esta solução baseada em blockchain, que oferece uma alternativa mais justa ao sistema de pagamento tradicional
Os pagamentos diários tornam-se uma boa acção
Os pagamentos com cartão de crédito tornaram-se uma parte importante da nossa vida quotidiana. Representam cerca de 1,5 mil milhões de dólares por dia em França. Em cada um destes pagamentos, o emissor do terminal de pagamento (TPE) e os bancos cobram taxas que variam entre 1 e 2,5%.
Considerando este intervalo, isto representa entre 5,3 e 13,3 mil milhões de dólares em taxas por ano. Imagine se esta quantia de dinheiro não fosse apenas utilizada em benefício das instituições bancárias, mas também ao serviço das principais questões sociais do nosso tempo e da comunidade? Este é o desafio lançado pela Retreeb, uma startup franco-suíça fundada por Jéméri Lepetit e que angariou 1,7 milhões de dólares em Fevereiro de 2022.
Com Retreeb, os pagamentos quotidianos tornam-se acções responsáveis. De facto, o sistema de pagamento alternativo desenvolvido pela startup propõe redistribuir um terço das taxas (mencionadas anteriormente no artigo) para projectos ecológicos, caritativos ou sociais. Outro terço é depois redistribuído directamente aos comerciantes
Infográfico de como o Retreeb funciona durante um pagamento
Não custa um cêntimo ao utilizador e contribui para o desenvolvimento da economia local ou para uma redistribuição mais justa dentro da economia. Além disso, é o consumidor que tem o poder de decidir quais os projectos que quer “financiar” através dos seus pagamentos diários. Já existem alguns destes projectos:
- Unitlife, uma iniciativa da ONU da qual a Retreeb é parceira;
- La Barque (loja de malas num café solidário);
- Precious Plastic (reciclagem de plástico não tratado);
- Utopia 56 (assistência ao transporte de menores não acompanhados);
- Récré en Herbe (desconstrução dos parques infantis das escolas primárias).
De facto, neste momento, o Retreeb está a ser testado na cidade de Tours, antes de ser implementado em França e em toda a Europa. Assim, a maioria das iniciativas dos parceiros está actualmente localizada em torno da cidade branca e azul
Uma aplicação simples para tornar a cadeia de blocos acessível
Do ponto de vista do utilizador, é muito simples. No momento do pagamento, o comerciante gera um código QR directamente na aplicação móvel da Retreeb para apresentar ao cliente. Do ponto de vista técnico, o sistema assenta numa infra-estrutura dupla Off e On-Chain, mais concretamente na rede Fantom e, em breve, na Polygon.
Os custos de rede serão suportados pela Retreeb, pelo que o comerciante não terá de se preocupar com eles. Com efeito, a ambição é tornar invisível a utilização da cadeia de blocos, de modo a não abrandar a sua adopção pelo grande público, como explica Jérémi Lepetit:
O êxito da democratização da tecnologia de cadeia de blocos depende da capacidade das aplicações para tornarem a cadeia de blocos invisível para os utilizadores finais. O Retreeb é um serviço concebido para ser adoptado em massa, pelo que limita qualquer fricção técnica para os seus utilizadores.
Note-se também que o Retreeb tem o TREEB, um token de utilidade e governação para a comunidade. Pode ser apostado e permite beneficiar de serviços gratuitos na carteira da aplicação (por exemplo, obter um cartão de pagamento), obter recompensas e participar na secção de projectos que serão financiados pelos utilizadores.
Com as nossas pequenas acções quotidianas, participamos na construção de um mundo melhor. Algumas taxas de transacção em compras diárias podem parecer triviais. No entanto, como testemunham os milhares de milhões de dólares que representam no final do ano, não devem ser negligenciadas. A Retreeb propõe-se utilizá-las para tornar o nosso sistema de pagamentos mais responsável, ético e virtuoso.
